Friday, December 08, 2006

A ALMA

A ALMA

E o Deus dos deuses separou de si mesmo uma alma e a dotou de beleza.
E deu-lhe a suavidade da brisa matinal,
o perfume das flores do campo
e a doçura do luar.
E entregou-lhe a taça da alegria,
dizendo:
"Só poderás beber desta taça se esqueceres o passado e não te preocupares com o futuro."
E entregou-lhe a taça da tristeza,
dizendo:
"Bebe dela, e compreenderás a essência da alegria da vida."
E soprou nela um amor que a abandonaria ao primeiro suspiro de saciedade,
uma meiguice que a abandonaria à primeira manisfestação de orgulho.
E fez descer sobre ela, do céu, um instinto que lhe revelaria os caminhos da verdade.
E depositou nas suas profundezas uma visão que vê o que não se vê.
E criou nela sentimentos que deslizam com as sombras e caminham com os fantasmas.
E vestiu-a de um vestido de paixão que os anjos teceram com as ondulações do arco-íris
E colocou nela as trevas da dúvida,
que são as sombras da luz.
E tomou fogo da forja do ódio,
ventos do deserto da ignorância,
areia do mar do egoísmo,
terra pisada pelos pés dos séculos,
amassou todos esses elementos e fez o homem.
E deu-lhe uma força cega que se inflama nas horas de loucura e desvanece diante das tentações.
Depois, depositou nele a vida, que é reflexo da morte.
E sorriu o Deus dos deuses, chorou, e sentindo um amor incomensurável e infinito uniu o homem e a alma.

(desconheço o autor)

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